A Filosofia nasceu na Grécia Antiga, e quase todo mundo já deve saber disto. Começou enquanto uma crítica aos deuses do Olímpio, até chegaram ao monoteísmo. Para isso, precisaram matar Zeus, depois, convencerem-se de que a origem não estava nem na água, nem no fogo, nem no ar, nem muito menos no átomo, e sim no Ser Maior, Criador, Absoluto, e Universal.
Depois veio a era das religiões com deuses humanos. Nada do termo herói, ou Titãs, nomes dados aos semi-deuses. Mas Deus mesmo: Jesus Cristo, Maomé, Buda, Zoroastro e assim por diante. Os filósofos, como sempre, desconfiaram desta coisa de um homem ser Deus, ou de Deus tornar-se homem, e sugiram os ateus.
Não os ateus puros, que não acreditam na existência de um Criador Supremo, mas os ateus que não acreditam na possibilidade de Deus deixar de ser Deus para ser homem. Aqui entra Jesus Cristo, que se fez humano para salvar aqueles que acreditarem nele e deixar doido os filósofos e os teólogos que sabem valorizar a razão.
A Palavra de Deus, ou melhor, a Bíblia, começou a ser questionada tal como os livros de Homero. A tradição é incoerente, contraditória: se Deus diz que é o mesmo ontem, hoje e sempre no Antigo Testamento, agora Ele é outro no Novo Testamento, e de Vingativo e Justiceiro passou a ser Misericordioso, Manso e Humilde de Coração.
E aqui vou abrir um parênteses para falar o argumento daqueles que ainda acreditam na veracidade da Bíblia, nem que para isso a razão seja crucificada. Dizem eles: o Deus de Israel não era Justiceiro nem Vingativo, era Misericordioso, do contrário, não teria avisado o que ia fazer contra aqueles que lhe desobedeciam, enviando profetas e todo tipo de anjo para tentar evitar que a Fúria de Deus caísse sobre eles. Ou seja: Deus, por ser Misericordioso, avisa que se o homem não tomar cuidado, vai ser morto por Ele, Deus.
Uma vez contraditória, a Bíblia passou a ser questionada – e há até teólogos católicos que já não a usam mais como fundamento de suas crenças: o que faz acreditar em algo são os milagres, confirmando um dogma ou outro. Além do mais, a para-psicologia está aí, para provar que não existem demônios nem Espírito revelando coisas sobre o céu e a vida dos homens: Deus pode ser tudo, menos fofoqueiro.
Portanto, a via da demoniologia – excelente teoria para converter as pessoas – jutamente com a via dos carismas – outra grande prática convertedora – acabaram caindo em descrédito junto com a Bíblia. Restou apenas a ciência. E nem todas. Porque se a História afirma que o homem Jesus Cristo não existiu historicamente, ela ainda não deve ser aceita, uma vez que seus resultados parciais não se confirmam na prática: do contrário, não haveria tantos milagres no ambiente católico.
O Jesus histórico, segundo a História, não existiu, e o evangelho não passa de uma ficção, inclusive demasiadamente contraditória. Mas antes de entrar na história contada pelos evangelistas, vamos começar primeiramente pelo lado de fora, naquilo que os cristão acreditam como provas evidentes acerca da existência histórica de Jesus – para essa rápida demonstração, utilizei o texto “O mito do Jesus Histórico”, de Háyyim ben Yehoshu.
Para os cristãos, as evidências de que Jesus existiu podem ser encontradas em livros ou documentos não-cristãos como “Antiguidades Judaicas”, de Flávio Josefo; nos “Anais” de Tácito; nas cartas de Plínio, o Jovem, ao imperador Trajano; e no livro “As Vidas dos Imperadores”, de Suetônio. Entretanto, Háyyim ben Yehoshu demonstra que esses documentos não providenciam qualquer informação a respeito de Jesus.
Para os cristãos, no livro “Antiguidades Judaicas”, de Flávio Josefo, há duas passagens onde se faz referência a Jesus. O problema é que este documento possui duas versões: a cristã e a original. Na original, preservada pelos judeus, não há nada disto. Isto porque quando o livro “Antiguidades Judaicas” foi detido pelos cristãos, eles acrescentaram estas duas passagens, forçando a evidência histórica de Jesus. Portanto, a versão cristã é uma fraude.
Admitindo-se esta prova comprovada, o cristão pode por sua vez apelar para os “Anais” de Tácito. Nesta obra, o autor relata como Nero culpou os cristãos pelo incêndio de Roma, e conseqüentemente, falou que estes vinham de uma religião fundada por Christus. Contudo, o que ele falou foi baseado em crenças de outrem, ou seja: ele nunca viu Jesus Cristo. Além do mais, Tácito falava dos deuses como se eles realmente existissem, algo que levanta a suspeita de os cristãos aproveitaram de má-fé a inocência deste historiador.
Outro documento onde os cristãos depositam a sua crença de que Jesus existiu de fato é a carta de Plínio, o Jovem, ao imperador Trajano, onde ele menciona que certos cristãos maldisseram Cristo. Ora, o que não quer dizer que Plínio conheceu ou viu ou ficou sabendo da existência de um Jesus real, histórico, até mesmo porque tal carta foi escrita um século depois da suposta crucificação de Jesus: o que ele se referiu foi aos cristãos, e não a Jesus.
E os cristãos podem então apelar para o livro “As Vidas dos Imperadores”, de Suetônio, onde ele relatou que o imperador Cláudio expulsou de Roma os judeus seguidores de Chrestus. Suetônio não se refere proprimamente ao Cristo, e sim à um Chrestus que estava em Roma, onde Jesus provavelmente nunca pisou os pés. Assim sendo, com todas essas demonstrações, fica descartada a prova da existência de Jesus por meio de textos não-cristãos, pois, tudo o que se escreve nos séculos seguintes, parte apenas da crença de que ele existiu, a partir dos evangelhos, e não de um registro histórico.
Agora, podemos falar do cristianismo a partir de dentro para fora.Talvez o maior argumento de que a religião cristã é uma farsa está no motivo em que Jesus foi condenado. Segundo a tradição, Jesus foi morto e crucificado justamente por ter blasfemado, dizendo que era o Filho de Deus. Num trabalho de pesquisa acerca das verdadeiras origens históricas do cristianismo feita por David Donnini, ela fala de com um autor alemão, o Dr. Weddig Fricke, demonstrou a impossibilidade, através da lei antiga dos Judeus, de Jesus ter sido julgado da maneira em que foi descrita nos Evangelhos, a começar de que era muito comum, naquele tempo, ser chamado e declarar-se “filho de Deus.”
Conforme o Dr. Weddig Fricke, a expressão “filho de Deus”, além de ser muito comum, poderia ser usada para representar todos os seres humanos, pois, todos os Judeus, de acordo com a Tora, eram “filhos de Deus”. Havia também os casos em que tal título era usado para caracterizar um homem devoto ou um iniciado em alguma condição de santidade por meio de votos, tais como os “Nazaritas”. Além do mais, haviam as expressões hebraicas como “filho da verdade” para um homem honrado e verdadeiro, “filho da luz”, para quem era iluminado espiritualmente, “filho da escuridão”, e etc., e etc.
Por outro lado, só era realmente julgado o Judeu que pronunciasse o nome de Deus, ou seja: Jeová, visto que era e ainda é um significativo sacrilégio – somente o sumo Sacerdote no Dia da Reconciliação tinha a liberdade para pronunciar o nome Jeová. Em vista disto, todos procuravam sinônimos como “Pai”, “Senhor”, “Adonai”, Eloah” para referir-se à Jeová, e não são poucas as passagens que lembram Jesus falando do seu Pai que estás oculto no céu. Portanto, se os evangelhos fossem coerentes com a antiga lei Judia, deveria ser escrito desta maneira: e Jesus foi condenado por ter pronunciado o nome de Jeová, e não por dizer que era filho de Deus.
Outras falhas nos evangelhos se diz respeito à série de eventos no julgamento de Jesus. Ao contrário do que é descrito nos Evangelhos, as ações legais não podiam ser desenroladas numa casa privada como foi o caso de Jesus ao ser julgado na casa privada de Caifás, mas apenas na área do templo chamada de “Beth Din”, o assento do Grande Sinédrio, para ofensas capitais; também, as ações legais não podiam ser feitas nem às vésperas de feriados nem à noite, como foi feita contra Jesus, ao ser preso à noite por mais de 600 soldados romanos; uma sentença não podia ser proferida por meio de uma confissão extorquida, como dar a entender quando Jesus foi interrogado se era “filho de Deus”, e as sentenças de mortes só poderiam ser proferidas pelo menos 24 horas depois da interrogação.
Fora isto, os blasfemadores judeus eram julgados e mortos pelos judeus, e não pelos romanos, como aconteceu no caso Jesus. Aliás, os romanos quase não se importavam com os julgamentos judeus. Contudo, os Evangelhos mostram que os Judeus foram culpados pela morte de Deus, e isso, tratando-se de política, tem um efeito muito grande. Mas não vou entrar aqui, pelo menos agora, em questões políticas, nem dizer que aí foi a origem do anti-semitismo e do holocausto.
Antes, retornarei ao assunto do início, que é a questão do mito. Tudo leva a crer que o cristianismo, na verdade, é mitológico. E como todos os mitos têm as suas razões de ser, seja elas inocentes ou não. No caso de Jesus, a razão tem muito mais um cunho político do que qualquer outro. E os filósofos estão aí, para desmistificar as crenças contraditórias em favor de um Deus mais coerente. Um Deus sem partidos, que apenas criou, e nada interfere na vida dos homens, a fim de que nós, seres humanos, possamos resolver nós mesmos os nossos problemas, seja ele financeiro, seja ele existencial, seja ele político, seja ele moral, ético e etc. e etc...
Já eu, enquanto filósofo, vou agora investigar os milagres...
Glauber da Rocha.
Já eu, enquanto filósofo, vou agora investigar os milagres...
Marcadores: ensaios filosóficos
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